segunda-feira, 22 de junho de 2009

Hoje tem palhaçada?

Tem, sim senhor!
Não demorou muito: Gilmar Mendes atacou novamente. Depois de comparar jornalistas a cozinheiros, hoje foi o dia de soltar mais algumas pérolas. Como se não bastasse a derrubada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas, Mendes indicou que isso deve acontecer com outras profissões. Ele não especificou quais, mas afirmou que a regulação só é "excepcional" quando há ameaça aos valores básicos ou à saúde, por exemplo.


(Fonte: G1)


A pergunta que não quer calar: o que exatamente, senhor Mendes, o senhor define como ameaça aos valores básicos? Pelo amor de deus! Vamos lá, raciocínio lógico, não é tão difícil assim. Jornalismo : comunicação social. Não é possível que o senhor não tenha idéia da dimensão da influência que a mídia causa em uma sociedade. Como toda e qualquer influência, esta pode ser, inclusive, prejudicial. E muito. Não estamos falando de um restaurante que deixou a comida vencer e esta causou intoxicação alimentar em 20 pessoas. Está em pauta um meio de alcance global.

Duvida dos riscos? Ok, Escola Base, 1994. Um grupo de seis pessoas estaria envolvido no abuso sexual de crianças. O delegado responsável pelo caso forneceu à imprensa as informações preliminares. Antes que a veracidade das denúncias fosse verificada, vários órgãos da imprensa publicaram séries de reportagens sobre o caso. No grupo estavam os donos dessa escola. No final, as denúncias não tinham qualquer fundamento e o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Diversos órgãos da imprensa foram condenados. Quanto aos acusados? Hoje sobrevivem de uma barraquinha de xerox em alguma rua de São Paulo.


A humilhação pública não tem volta. O "suspeito" deixa de ser mera hipótese e já passa a acusado quando os jornais querem - e visando o lucro e o sensacionalismo é bem fácil querer. E dizer que mau jornalismo não é uma ameça à sociedade? Pior do que matar um ser humano é destruir a sua vida enquanto as suas funções vitais ainda estão longe de ceder. Daqui a pouco, maus professores, sem qualquer formação, também não constituirão uma ameaça aos valores básicos. Afinal de contas, qualquer um consegue usar a fórmula giz + cuspe e repetir a mesma baboseira que é repetida há anos. Da mesma forma que qualquer um escreve uma notícia. Mas não com a devida competência e a (in)formação que tais atos exigem.


Se bem que nenhum argumento importa aqui. Nesses casos, só o dinheiro fala. Isso é o mínimo que podemos esperar de alguém que aceita propina para dar um habeas corpus ao Daniel Dantas. Ou que aceita propina para votar contra a cassação mais do que justa de um prefeito de uma cidadezinha no interior de Goiás. Ou que aceita propina pra... aliás, mais fácil dizer pra que o senhor não aceita. Só não tenho a resposta.



Sinceramente, senhor Mendes? Chega. Cansamos.

8 comentários:

  1. Não vou ficar surpresa se encontrar um açougueiro exercendo a profissão de médico daqui uns dias... ¬¬

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  2. Quero ver engenheiros e medicos sem diploma atuando; Vai continuar no mesmo jeito, pontes caem, pessoas morrem, mais atos secretos e politicagens continuam.

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  4. Santa babozeira... O que foi feito das pilhas de processos que o Supremo têm acumuladas por julgar? Foram queimadas, como imagino que o "digníssimo" presidente do referido órgão gostaria de fazer com nossos diplomas (de jornalismo)? Será que ele está realmente com tanto tempo livre assim pra ficar nos martelando com essas idéias?

    Interessante é ver como Gilmar Mendes caminha pelo processo contrário da profissionalização. Não é preciso pesquisar muito para encontrar a história de alguma profissão, e ver o caminho longo e sofrido por que ela passa para deixar de ser uma "ocupação", um serviço, e se tornar uma "profissão", algo a que se dedica estudo, a que se dedica pesquisa.

    A atividade se torna especializada, cada vez mais específica, tornando-se mais eficiente, e, se chega a se tornar uma profissão de fato, é porque possui uma importância social, uma função, que a legitime como tal. Caso do jornalismo. Não tenho conhecimento de outra profissão que alcance tamanha reverberação social a ponto de ter sido já chamada (para o bem ou para o mal que seja) de Quarto Poder ou Contra Poder.

    E dessa forma, como bem disse a Paula, o mau jornalismo compromete, sim, a sociedade. Pode não ser visível em deslizes pequenos, como a apuração preguiçosamente imprecisa de número de mortos num acidente de carro, mas a história está cheia de casos para mostrar. Se já diziam os cientistas nazistas que "uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade", é preciso abrir os olhos para ver que hoje, com a televisão e, muito mais rapidamente, com a Internet, uma falsa notícia é repassada por diversas empresas, de diversas maneiras, atingindo diversas pessoas que, por sua vez, repassam a falsa informação. Cruze todas essas atuações: será uma repetição bem maior que um milhar.

    A necessidade do diploma para exercer não só o jornalismo, como qualquer outra profissão existente (e que, se hoje existe, é porque teve legitimação da sociedade quanto à sua importância) é um fato. Nem precisa de discussão.

    O que me preocupa agora é como encontrar mais processos para ocupar a cabeça vazia do presidente do Supremo...

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  5. o senhor Gilmar Mendes não sabe o que é jornalismo, e pelo que vemos, nao acha que a comunicação exerce grande influencia na sociedade.

    eu nao sei o que é pior em relação a estes casos em questão - mas o trágico mesmo é saber que pessoas como ele estão lá nos representando, ou melhor, nos envergonhando.


    palhaçada!

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  6. Acontece que ele toma a profissão dele por base e quer nivelar por baixo todas as outras.
    Por essas e outras eu detesto tanto política ;D

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  7. O Krusty (ou Bozo) acima, como bom neoliberal que é, defende a idéia do "Estado Mínimo" - ou Estado nenhum - assim como quem o indicou à sua cadeira no STF, FHC. Daqui há pouco essa corja tucana vai querer polícia zero, saúde pública zero e assim por diante...

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